domingo, 9 de maio de 2010

Made In Portugal

Até que a morte os separe?

Quem vende mais? Madredeus ou Quim Barreiros? Cidália Moreira ou Resistência? E será que gostavam de conviver e trocar galanteios num mesmo programa? A partir de Março, a RTP propõe-se resolver estes e outros dilemas.

O próximo mês traz a promessa de uma nova tabela de vendas fonográficas em Portugal. O que há até agora é o «top» da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), calculado por consultas a retalhistas e produtoras fonográficas e difundido na RTP através do programa Top Mais. Esta tabela elege semanalmente os fonogramas mais vendidos entre nós, de produção nacional ou estrangeira, mas limita-se às companhias inscritas nesta organização, sobretudo as divisões portuguesas das multinacionais.

A maior parte das pequenas companhias encontra-se, em contrapartida, ligada à Associação Fonográfica Independente (AFI), que tem, mais concretamente, 16 membros -- embora nem todos sejam produtoras de música -- e que até aqui não teve um «top» próprio. Ora, uma boa parcela da música que se grava e lança no nosso país tem origem nessas empresas e está assim à espera de ganhar expressão através da nova tabela de vendas. O primeiro passo terá sido dado por Luís Serra, secretário da AFI, e do contacto com a RTP nasceu a ideia de um programa de divulgação de um «top» supra associações, que terá por único critério tratar-se de fonogramas de produção e expressão portuguesa -- o que é suficientemente lato para incluir brasileiros e africanos que gravam no nosso país -- mais vendidos em Portugal.

A emissão do primeiro programa, segundo Joaquim Silveira, do departamento de programas da RTP, está agendada para o próximo dia 6 de Março e a série que inaugura tem previstos 13 capítulos. Cada programa, difundido ao domingo ao fim de tarde, terá a duração de cerca de meia hora, em que, além de um magazine de notícias, a dita tabela será ilustrada com a passagem de telediscos ou, na sua ausência, de registos dos artistas em estúdio. A concepção e produção foi confiada à Valentim de Carvalho, que agora está a ultimar o projecto. Os cenários não foram ainda escolhidos, a pessoa que se encarregará da apresentação também não. O mais provável é ser uma apresentadora de perfil não excessivamente popular, segundo nos confiou Francisco Vasconcelos, administrador desta produtora, que também adiantou o nome de Sofia Morais (ex-apresentadora do Pop Off e actual locutora da XFM) como possível candidata ao lugar.

Faltam cerca de 15 dias para o arranque, porém tudo está ainda por um fio. Para a AFI não há problemas, segundo o seu representante Artur Soares, que assegura que a sua associação procederá à compilação semanal dos dados fornecidos pelas companhias que representa. Mas a AFP não participará enquanto tal no novo «top», como nos explicou o seu actual presidente, Tozé Brito, também administrador da BMG Portugal. O ponto é que, como a AFP já possui a sua própria tabela de vendas oficiais, não faria sentido entrar como associação numa outra.

Mas o «top» que está para vir, por outro lado, também é do seu interesse, como forma complementar de expor os seus catálogos. Assim, a AFP liberta as suas associadas para individualmente participarem na constituição da dita tabela. Não é menos evidente que, por uma questão de estratégia, ninguém vai querer ficar de fora. Contudo, ainda nenhuma das divisões locais de multinacionais que lançam música portuguesa assinou o protocolo de adesão ao programa da RTP, e toda a gente está à espera do projecto que vai sair dos estúdios Valentim de Carvalho.


Luís Maio / Público, 15/02/1994

A verdade é que, para mal dos nossos pecados, o top de música portuguesa reunindo todas as editoras em 1994 foi liderado pela Discossete, nomeadamente com Quim Barreiros, e pela Movieplay com Dulce Pontes e Frei Hermano da Câmara.


Luís Maio, 17/02/1995

Sinopse do programa:

É o único programa da televisão portuguesa que dá atenção exclusiva à música de produção nacional. Já desde há quatro anos e todas as semanas.

"Made in Portugal" dedica toda a sua atenção à música portuguesa sem olhar a nomes ou géneros musicais. É que, aqui, quem manda são os espectadores, e a música de "Made in Portugal" é escolhida segundo uma lista de preferências por eles votada pelo telefone.

Todos os domingos, ao princípio da tarde, teremos a oportunidade de rever os rostos mais consagrados da música portuguesa, ao mesmo tempo que vamos conhecendo os novos valores que vão aparecendo na nossa cena musical.

Produção Valentim de Carvalho; Apresentação: Carlos Ribeiro

Fonte:  RTP


Comentários:

Pergunta: Em que é que um programa como o "Made in Portugal" e o Carlos Ribeiro contribuiram para a tua carreira?

João Pedro Pais: Temos de lá ir, é um programa com que eu não me identifico mas, infelizmente, para se vender discos em Portugal tem de se ir a programas, ter de se ir a espectáculos, porque Portugal não é um mercado de música, o disco mais vendido até hoje só vendeu 300 mil unidades e somos 10 milhões.


Chat com João Pedro País no portal Sapo

No programa "Made In Portugal" acabaram por ser divulgados nomes como Dulce Pontes (a Movieplay nunca fez parte da AFP), Quim Barreiros na fase Discossete ou Ágata, Fernando Correia Marques ou Tony Carreira da editora Espacial que nessa altura não pertencia à AFP, bem como artistas de outras editoras mais pequenas. O programa acabaria por terminar alguns anos depois. Acabou por coincidir com a fase em que a música popular teve mais impacto.

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